segunda-feira, 29 de dezembro de 2008

só mais um



No alto da colina Keroxzen diversos pensadores se acotovelam em torno do liquido precioso extraído da mais pura cevada.
O precioso elixir modela os pensamentos de acordo com o teor etílico ingerido, e com ele, as verdades surgem sorrateiras num misto de indignação e louvor.
Os comentários passam a fazer parte dos diálogos dispares ao redor da távola em plena taverna rubra.
Quem é o felizardo que estará desfrutando de sua bela silhueta nesta quarta feira sombria, pois é sabido que o coxo; seu companheiro de longa data, deveras preocupado esta com o minguado ganho que se anuncia; chafurdado no lamaçal da cobiça assim permanece sem perceber que a seu redor seus algozes estão presentes.
Numa análise mais profunda os pensadores se despojam de seus medos enaltecendo a bela mulher em luto junto a sua aeronave negra que anseia pela nova decolagem, galgando vôos ainda mais altos nos braços de outros taberneiros opositores.
Nos constantes conflitos existencialistas em busca da beleza felina de mulher, estão Ubaldo e Zeca, dois sobreviventes sonhadores a procura do curto espaço de tempo; provido pela migalha da fogosa mulher que às escuras lhe brinda com o sobejo de seu néctar ou tão somente com um riso amarelado da contrição que todos sabemos não existir.
Ubaldo, freqüentador assíduo da taverna rubra e pretenso candidato a candidato na preste digitação do corpo felino, nesse imenso jogo de gato e rato, é adornado com a cobertura impar, passando a pertencer à casta dos doces deleites, soberanos guardiões das cores do fogo.
Zeca, também conhecido por patrão, é o empresário das comunicações e freqüentador da colina, sendo ele um dos mais fervorosos apaixonados pelas belezas naturais do local e porque não dizer, pela formosura de mulher.
Os pensadores continuam exercendo suas sabedorias com o veto imaginário da impunidade, e aplaudindo os dissabores daqueles humilhantes humilhados que de superiores passaram a ser mais um na contabilidade amorosa da silhueta felina.
Quando as garrafas secam e as pernas já não mais obedecem ao comando mental, os pensadores um a um deixam a távola ligeiramente embriagados pelo lume da felina mulher que na clara evidencia de seus pensamentos, clama por um novo apreço, só mais um.
Realidade ou quimera?

sábado, 27 de dezembro de 2008

O sobrevivente


Não é fácil pra nenhum sobrevivente contar sua própria história, mas não posso negar que no intimo da um imenso prazer vomitar toda amargura que me acompanha desde quando eu tinha quinhentos e oitenta e sete anos Astrais.
Eu era muito jovem ainda para entender a mente maléfica e as ambições dos habitantes de Krenkyshi; guerreiro insano do planeta vizinho a minha então habitação; isso mesmo sou mais um alienígena dos milhares de outros tantos habitam este planeta azul.
Ao deixar minha moradia no planeta Zhekyrtshem um jovem guerreiro de dezessete anos terráqueos só conseguiu deixar pra trás uma enorme explosão e muitas saudades dos amigos deixados.
Não me tenham como um alienígena qualquer, para teu governo, os estudos científicos desenvolvido na energia limpa foram por mim passadas aos estadistas mais gabaritados deste planeta, cuja forma de vida teve que adaptar.
A textura original da minha pele certamente iria abalar os alicerces dos energúmenos plantonistas e mais, não iriam compreender que nesses imenso universos seres outros possam viver em harmonia como há muito vivo na terra.
Não tenho nenhum tentáculo ou secreção gosmentas e pegajosas como às narradas nos caminhos da sétima arte, nossa diferença só pesa no tamanho do olho e na cor da pele.
Sozinho em meus aposentos quando diante do espelho, fico me questionando porque não tornar pública nossa existência, pois tenho a plena convicção que viveríamos em harmonia, pois há muito convivemos sob a proteção de nossa máscara e não trouxemos a baila nosso verdadeiro eu.
Algumas contrições serão inevitáveis, jamais superáveis as outras tantas, porem, certamente a justa alegria estará marcada no corpo de cada ser, alienígenas ou terráqueos.
Não é mais o momento de ocultar nossa existência, nos, os seres de Zhekyrtshem tivemos que deixar nosso planeta com a invasão e destruição de tudo e de todos.
Ganhamos uma nova forma de vida num corpo ajustadamente modificado para não causarmos tumulto nos alienados e minar a fonte de riqueza dos soberanos, conforme minha narrativa posso lhe afirmar que o contato está próximo, só não sei dizer se sobreviveremos a este deleite de tortura.
Realidade ou quimera?

sábado, 20 de dezembro de 2008

A CONFRARIA



Tonhotrixacor era um medíocre lorde no reino dos maiorais. Ganhara seu titulo de nobreza sugando o trabalho alheio. Maldoso e intragável até entre os teus que o temiam. Sua prole tão vil quanto o primogênito, buscavam incessantemente os trinta metais.
Certa feita Tonhotrixacor contratou os serviços do ferreiro que por meses trabalhou na confecção dos portais de seu castelo, levou consigo a esperança e a promessa da paga que nuca ocorreu. O pobre homem afogado em dívidas, vaga diuturnamente nas estreitas ruas da contrição, enquanto que o poderoso nobre em seu cavalo alado continua tecendo sua maldade, abocanhando o sobejo do suor honesto, ceifando a existência da natureza cristalina.
Ele! Jamais será punido, pois faz parte da confraria do Y, uma sociedade secreta onde tudo é permitido aos seus: humilhar, destruir, afanar, roubar, saquear, trair; uma verdadeira prostituição, cujo à falseta da digna moral prevalece em meio aos desafortunados.
Perdoe-me, sei que queres saber onde fica o reino dos maiorais, ele esta localizado na galáxia de Merduz, num pequeno planeta ao sul do globo lunar. A sociedade constituída, exceto a nobreza, sobrevive do cultivo da Zubda, uma pequena planta carnívora necessária a sobrevivência da confraria.
Kaladiuns, um cervical que há muito trabalha no plantio da Zubda, proporcionando riquezas ao vago lorde, ousou fitar em teus olhos. Imediatamente Tonhotrixacor procurou pelo Gran Vizir Hembrux, tamanha ousadia não poderia ficar impune.
Os acoites deveriam soar no dorso do laborioso Kaladiuns, mesmo tendo a convicção de sua inocência.
O Gran Vizir reuniu toda a corte e determinou a Faghord seu braço direito: “Kaladiuns será crucificado em praça pública.
Pode ser ele um dos maiores plantador de Zubda, mas não pertence à confraria do Y”. A ousadia de Kaladiuns fora tamanha, suas palavras soaram como vomito dos famintos, um odor indigesto difícil de tragar.
A punição a Kaladiuns já fora definida, mas para a plebe permanecer sob o crivo do medo, era necessário a conotação da legalidade. A falsa justiça estampada no rosto de seus algozes era eminente.
Ele um serviçal, um simples plantador de Zubda, estava sendo julgado por membros da confraria do Y e por mais que se debatesse sua inocência, os abutres aproximavam-se a cada soar do carrilhão.
Kaladiuns não morreu e nem morrerá, pois vivo permanecerá dentro de cada um dos desafortunados e mesmo que temerosos, sempre haverá um canto no reino dos maiorais onde os trabalhadores deixarão de lado suas sanguessugas.
Felizmente tamanha discrepância não ocorre nos dias de hoje em nosso mundo, esse reino dos maiores da confraria do Y, estão anos luz do nosso dia a dia. Aqui, não há maldades e nem revanchismo, somos uma sociedade perfeita, nossos castelos não estão em ruínas.
Realidade ou quimera?

quinta-feira, 18 de dezembro de 2008

Pobres meninos ricos


Nestes tempos outros onde o amor duradouro é eternamente efêmero, temos que nos desvencilhar das cangas que trazemos em nossos maltrapilhos dorsos; buscarmos sobreviver na turbulência do consumismo para não naufragarmos no desespero absoluto do abandono.
Foram-se com os dias, os admiráveis momentos de mandrião neste insensato mundo! Que mundo? Imundo se torna a sobrevivência voraz se perdeu no buraco negro da consciência e trouxe a tona o monstro da inconseqüência.
É sabido por toda corte que a imbecilidade humanóide os tornam poderosos e com o ficto poder, manipulam centenas de milhares de alma na ganância impar da nobreza, em busca da espécie que engordam alforjes de seus maravilhosos puro sangue trotadores.
No luxo de poucos distantes da realidade de muitos, não há distinção entre a fidalguia e o plebeu; burras cheias de dinheiro não configuram um indicador de felicidade, ao contrário, na voracidade em produzir riquezas desenfreadamente o paupérrimo milionário acaba esquecendo dos maravilhosos espetáculos diários com entrada franca, proporcionados pela mãe natureza.
Pergunto então: a felicidade de um clã é o bem material ou o carinho tão necessário na convivência familiar?
Neste estado de direito onde a república do eu sozinho impera; o maioral imperador e sua corte não se permitem doar um carinho sequer para com seus entes queridos. Tratam suas companheiras como objetos fossem dessa imensa mobília financeira e depois; pregam aos quatro cantos o abandono quando os grilhões são rompidos por seus pares; e sem perder a empáfia que lhes são peculiares, se fazem de vítima da intolerância, entendendo tão somente que a moeda colocada à mesa, é alimento suficiente da boa convivência.
Nas andanças que tive nos atalhos da impotência social em face ao abandono amoroso, cansei de tenta amenizar a dor dos Lordes com suas casacas, mas em momento algum a realiza desceu de seu patamar e reconheceu o erro cometido, ao contrário, se fazem de vítimas aumentando os animais que em tempos de namoro, soavam aos ouvidos da parceira um toque de carinho não mais fomentado.
Minhas loucas conclusões me levam a crer que as separações dos pobres meninos ricos não doem na alma, mas sim nos bolsos da larga calça.
Realidade ou quimera?

segunda-feira, 15 de dezembro de 2008

O TECELÃO



Sabe! Nunca tive a pretensão de formar opinião e nem ser o centro das atenções nesse imenso emaranhado lingüístico, meu único objetivo é viver mesmo que para isso eu tenha que sobreviver dos sobejos gramaticais adquiridos na infância.
Meu aprendizado é continuo e com ele, aprendi a vagar no espaço do saber sempre a procura do conhecimento místico, o qual encontrarei quando o tecelão do universo assim o permitir, até lá, vagueio no manto azul da solidão em busca da luminosidade plena, tão distante e tão presente quanto os velhos madrigais.
No candelabro ilusório da paixão, as chamas da mente enredam a mística forma do poder absoluto unindo corações na liquefação do corpo, derretendo no magma da esperança o amor contido por eras.
Muitas vidas vive e outras tantas serão vividas, mas na memória pagã o cavalo de tróia deletou os arquivos de extensão lembrança, deixando livre apenas uma janela da alma; vetor da sabedoria celestial. Nessas andanças, encontrei estrelas tristes e labaredas sorridentes; um escondendo a beleza em lágrimas, outro propagando salamandras na dança do fogo eterno da libido.
Seguidores errantes dos dois mundos anunciam a redenção a suas maneiras, na infinita disparidade que atravessam os temporais do tempo; sagrados ou profanos, falsos ou verdadeiros, pretos ou brancos.
Na louca manipulação, a mutação das cores é o que mais me atrai, pois criam a beleza em forma de arte e as tornam tão belas como seu criador um dia imaginou; cristalina como as águas puras da nascente cortando a relva na imensa peregrinação em busca do mar.
No soturno ego do planeta abissal em que vivemos a soberania putrefata esta, e as mãos banhadas de rubro contabilizam o cobre entorpecido na mordaça da ganância.
Quando os apelos dos laboriosos já não mais são ouvidos, é chegada à hora da reviravolta, inadmissível pensar que a passividade nos trará a recompensa trancafiada a sete chaves no baú de nossa adolescência.
Esse medo de trazermos a tona o menino que ainda reside em nosso interior, faz com que outros moleques travessos tomem as rédeas da nossa ínfima cultura, mantendo-nos ás margens do saber.
Realidade ou quimera?

sábado, 13 de dezembro de 2008

CONJUNTURA



A sobrevivência é tão pérfida quando nos deixamos enganar por nossa ínfima pretensão de virtude, facilmente corrompida por algum sorriso distante ou um olhar arrebatador do sexo oposto.
O verdadeiro animal que trazemos conosco desde a infância nos causa ternura ao invés do necessário conflito existencial, e assim, navega em águas turvas a mediocridade do medíocre humanóide.
A todo instante o homem busca em suas entranhas a maneira ideal de se locomover com a maior rapidez possível, com o único intuito de se afastar da ignorância; que curiosamente repousa entorpecida em seu próprio âmago.
Diversas correntes de pensadores desenvolveram sistematicamente um meio para se livrar de suas peculiares aflições, e assim, induzir centenas de milhares de pessoas a trilharem os caminhos indicativos que os tornaram inquestionavelmente inquestionáveis.
A filosofia com seus tentáculos manipuladores encamparam toda casta formadora de opinião distribuindo fictos conceitos à determinada linhagem intelectuais, deliberando juízos de entendimento dispare. O ser pensante de uma forma ou outra, mesmo que inconsciente, estará seguindo correntes ditadas no passado por grandes mestres como Platão, Aristóteles, Santo Agostinho etc...
Partindo do pressuposto de que os grandes mestres habitaram o planeta azul bem antes da geração que ora sobrevive, fica evidente que seremos seguidores de um raciocínio ou outro já existente, caso contrário os ensinamentos que nos fora passado não teriam razão de ser, pois seríamos escravizados por nossa própria insignificância ou seríamos um imenso batalhão de acéfalos.
Enquanto tivermos o discernimento em doutrinar nossos monstros armazenados em nosso interior; haverá o controle amparado pelo poder filosófico de nossos sábios, mas quando se entra na passagem obscura antagônica da razão; pode-se observar que os sentimentos afloram tomando de assalto corpo e mente do homo sapiens, e a silhueta que se vê em busca da luz no fundo do túnel, em verdade esse corpo poderá esta deixando a luminosidade em busca do breu.
Realidade ou quimera?



quarta-feira, 10 de dezembro de 2008

A mente em conflito



Madrugada chuvosa na metrópole desvairada; João de Deus avista ao longe um outdoor reluzente que lhe chama a atenção por um breve espaço de tempo. A vista cansada não permite que o viajante senhor troque em miúdos os amargos dizeres percebidos por este que lhes relata horas mais tarde, quando enfim percebeu sua verdadeira angustia.
A propagação dava conta do casamento de Priscila de Amorim com o renomado legatário das empresas Zeckrestty; Antonio Carlos de Alcântara Penteado e Silva, o jovem mais cobiçado da imensa urbe.
Os olhos do viajante ao se aproximar da enorme propaganda verteram lágrimas de dor, como se contrito estivesse ao recordar-se das boemias noites de sábados.
A insana alucinação juvenil tomava de assalto momentaneamente os pensamentos de João que definhava a cada olhar disparado na foto em forma de convite banhado em letras douradas.
Estranhamente suas lágrimas secaram e pude avistar no fundo de suas retinas a extraordinária grandeza do monstro que lhe atormentava, um verdadeiro alienígena sugando-lhe a seiva armazenada dos odores do destino.
Estava eu postado a frente da fantástica lenda mitológica sem poder alcançá-la e mais, não tinha como romper as barreiras do silencia que João de Deus fazia questão de preservá-la.
Por um curto período acatei a vocação eremita do companheiro de caminhada na atual história que estava sendo escrita; porem, meu cerne estremecia só em pensar na catástrofe provocada na interna peleja instalada no corpo daquele pobre homem.
Quando pensava eu que a batalha estava perdida e que não teria a mínima chance de desvendar da verdadeira faceta do monstro devorador de sonhos que há muito habitava em João, este prenunciou:
- Sabe! No auge da minha juventude eu só pensava em curtir a vida a qualquer preço. Eu não me importava com os sentimentos alheios, só queria mais e mais os prazeres mundanos.
Interrompendo a narrativa do velho questionei as palavras sem nexo aos meus olhos leigos; mas ele prosseguiu:
- Num desses embalos regados e muita comida e bebida eu conheci Soraya; uma linda jovem apaixonadamente apaixonada pelas mentiras que contava tentando seduzi-la. Eu a deixei grávida na esquina do amanhã; e neste outdoor, vejo sua imagem na beleza pura de Priscila que não tive o prazer de acalentá-la em seu berço.
Realidade ou quimera?




PRISIONEIROS DO PLANETA TERRA



Distante! Milhões de anos luz, muito além do filosófico imaginário, no magnetismo da galáxia de Kruskon, as mentes dos espectros sublimes do planeta Belatriz estão prestes a se reunir na grande orbita de Chripta, é chegada à hora do conclave.
A cada milênio os majestosos espectros se reúnem para redefinir o posicionamento político social da irmandade de Oreon, guardiões dos portais de Belatriz, mais que isso, uma sociedade secreta que vem traçando os destinos da humanidade ha séculos.
Necessário se faz saber que há milhões de anos atrás, uma civilização grandiosa reinava absoluta nas principais galáxias do universo; e apesar de toda a tecnologia de ponta e dos conhecimentos de seus sábios, não conseguiram evitar o êxodo das almas e suas aparições foram se espalhando por todo universo.
Precioso lidere em conclave deliberaram que os infratores do universo seriam confinados num distante planeta, onde cumpririam suas penas até avaliação do juízo final e para tanto, as almas desvairadas seriam recapturadas e colocadas em cápsulas cujo destino dependia tão somente da conclusão de sábios entendimentos.
Humanóides matrizes enviadas foram ao planeta azul, e serviriam ao supremo como geradoras de espectros; e ao final do ciclo, retornaria em alma, deixando para trás suas angustias, seus medos, suas lembranças...
Sabe-se que prevenções foram tomadas para garantir a ordem universal da irmandade dentre elas, os exterminadores penais, responsáveis pelas possíveis evasões das almas apenadas, cujo simbolismo lírico deste plano de vida nos faz crerem que estamos vivendo na era visionária e porque não dizer, viajando em objetos voadores não identificados, ou simplesmente, luzes que pairam no escuro céu de estrelas foscas.
Os bailarinos do universo alimentam nossas almas de fé e esperança, pois a caridade alcançada no limbo da sabedoria transporta aliviadas carcaças para o subsolo da terra, e a putrefação da carne ofusca o retorno do espectro a orbita de Cripta onde a liberdade os espera.
Estudos profanos da mãe natureza nos dão conta de que a terra há milhões de anos vem sendo utilizados como presídio de Kruskon e nos, os humanóides humanos, presidiários fantasmas que somos, ofuscamos nossas vistas e aplaudimos as imensas luzes que pairam sobre o Pais, as mesmas que nos vigiam a mando de nossos algozes de outrora.
Crê os fracos que a morte é o fim da existência humana!
Fico eu com a explicação da irmandade: “o corpo é a pena do espectro, e a morte, seu alvará soltura cuja verdadeira liberdade se dará com seu retorno a Belatriz”.
Realidade ou quimera?

terça-feira, 9 de dezembro de 2008

Hórus



É sabido por muitos que Heru-as-Asert, Her´ur, Hor-Hekenu ou simplesmente Hórus, são apenas nomenclaturas que derivam do deus egípcio do céu, filho de Osíris e Íris, cujos olhos representam o sol e a lua; o amuleto mais usado pelo povo egípcio também é conhecido como o olho de Rá.
Falaremos de um local aconchegante sitiado pela sabedoria no imenso planeta azul, localizável através da forma cultural habitada no âmago de cada ser, especificamente, além das colinas de Kretta, abaixo de furnas, onde seres interplanetários congregam em favor da musicalidade universal.
Arzhakamus, seguidores do imenso politeísmo profano do universo, onde as liberdades de expressão provêem da sabedoria latente gerenciada no cerne de cada ser platônico, por mais eqüidistante estejam de sua base mental.
Lá encontramos os seres de Rhubbya, uma pacífica comunidade que nos enche de alegria com sua forma de vida. São alimentados basicamente das aleatórias gargalhadas harmonicamente espalhadas nessa esfera social.
Eu (Thedd), o sobejo da harmonia, verdadeiro seguidor da Baco, sentado a mesa, sob a fosca luminosidade, contemplava a canhota sensibilidade de Lhucy em seu longo vestido reluzente, aguardando anunciar o próximo candidato às luzes da ribalta.
Lhucy folhava as pálpebras do menu em busca do deleite imaginário da sonoridade musical que certamente momentos antes fervilhavam em sua medula.
Ao longe, o tilintar das garrafas e os sussurros, contrapunha a beleza infinda da composição barroca; em meu pensamento, a silhueta da majestosa mulher.
As aeronaves escassas ficavam com a retirada gradativa dos saciados corpos; embriagados de esperança deixavam o recanto com a certeza de uma nova investida no próximo estágio lunar.
A cada retirante, um espaço a mais no refúgio sócio cultural e uma tulipa a menos no tabuleiro da razão.
A Rhubbyanna a proprietária de Hórus, toma de assalto as luzes da ribalta e nem ato de estrema generosidade, duas luas após o primogênito eqüidistante encontro entre Thedd e Lhucy; apresenta-lhe a majestosa rainha e sua princesa Sharaz.
Realidade ou quimera?




Olhos Azuis






Eu a conheci num site de relacionamento dentre tantos que rolam na internet; uma relação surgida do imaginário virtual que em menos de dois meses eram percorrido duzentos quilômetros na madrugada escura, junto ao asfalto esburacado que corta o Pais e norte a sul.
A ansiedade juvenil pulsava no peito do grisalho homem no afã de encontrar a musa de olhos claros, apaixonadamente apaixonada pelos seus azuis.
O vermelho Ferrari faminto de asfalto engolia os quilômetros como num banquete, rompendo barreiras rumo ao norte; no pensamento, a pequena grande mulher em flash provocando alucinações voluptuosas.
Rompia-se o breu da noite com a luminosidade efêmera dos potentes faróis e como um tapete indicativo, a luminosidade conduzia a um só destino que a cada metro percorrido, mais próximo ficava da imaginária redenção.
Como num passe de mágica estava eu postado defronte a praça da matriz da pequenina cidade a espera da concretização da utopia que se iniciara dias antes.
Estranho numa terra estranha a espera da desconhecida mulher que estranhamente me conquistara neste incerto mundo virtual, extraordinariamente a espera da concretização dessa tamanha viagem astral.
De repente, um capuz cobre o rosto da mulher de um metro e meio, onde percebesse claramente a felicidade estampada em sua linda face. Como se há muito fosse velhos companheiros, um caloroso abraço selava a distância percorrida.
A inevitável caipirinha, fiel companheira dos olhos azuis ocultavam a ansiedade felina de mulher e ao mesmo tempo, libertava a timidez das incomodas amarras do pudor.
Vivemos os que nos foi permitido e o que nos foi possível viver.
A longitude companheira da discórdia, aos poucos foi ceifando o bem-querer, e o que era concreto, voltara a ser novamente virtual.
No desacordo do tempo, outro internauta se fez presente nos braços da diva e hoje ocupa o lugar que outrora pertenceu a este navegante que no estado de contrição plena, ainda troca e-mails sonegando sua avassaladora paixão, pois em seu peito, o sol ainda brilha no mesmo lugar.
Realidade ou quimera?

A GARRAFA DE PRATA




Carlos Onofre, um cidadão comum, cumpridor de suas obrigações perante a sociedade de consumo, porem, sua paixão arrebatadora por Joanna, uma ativista política em plena ditadura militar, o tornou um militante fervoroso pela democracia que se fazia distante.
O casal freqüentemente era visto circulando pelo centro velho na capital do Estado, distribuindo panfletos em prol a causa defendida e criticando o regime autoritário implantado naquele Pais da América do Sul.
Joanna e Onofre além da militância política, também chamavam a atenção da população por trazerem sob o braço esquerdo uma garrafa prateada com a inscrição: “jamais nos entregaremos vivos”, num claro afronte ao poder estabelecido pela força bruta.
O comentário nos pequenos círculos era inevitável e apostas começaram a surgir no cassino ao ar livre, ironicamente, na praça da liberdade.
Seria aguardente para aquecer os dias de inverno que traziam naquele recipiente ou algum refrigerante para saciar a sede dos infantes? Não sei de que forma começaram as apostas e nem o porque de tanto interesse nos jovens de cabelos longos, e vestimentas que afrontavam a estirpe social da época, só sei dizer que havia uma grande mobilização nos círculos dos jogadores compulsivos.
As forças armadas começaram acompanhar de perto o desenrolar das vermelhas campanhas promovidas pela inocência ou sabedoria impar do casal que já não mais caminhavam sozinhos, pois uma multidão de jovens faziam coro a seus projetos para uma república melhor.
Na madrugada daquela gelada daquela sexta feira de agosto o encontro foi inevitável, e os bastões dos milicianos soaram nos dorsos estudantis, com o fervor da ira insana do ditatorial regime.
Bombas de efeito moral eram lançadas em direção dos estudantes e bancas de jornais explodiam sob o manto negro da noite, iluminada tão somente por raros clarões provocados pela queima da pólvora.
Como num passe de mágica o brilho do sol ocultou a batalha daquela noite fatídica, mas o sobejo da “guerra” fora encontrado no canto da praça; as garrafas de prata estavam vazias e os jovens militantes sem vida.
Realidade ou quimera?

PÉTALAS DA ROSA AZUL


Soraya Suzelena de Castro, ou simplesmente Suzi, trabalhava na fábrica de biscoitos Aurora como empacotadora onde cumpria a jornada noturna.
Nas horas vagas, caminhava livremente pelas pastagens da velha fazenda que outrora abrigara sua infância, revivendo um passado que se perdeu no tempo.
Desde de menina, quando circulava entre o cafezal florido e a roseira da colônia, esta plantada pelas mãos tremulas de dona Irene, hoje uma centenária senhora, sempre vestida de branco, a pequena Suzi demonstrava ser uma pessoa diferente aos olhos da sociedade materialista, pois a sociedade pagã não conhecia a benevolência.
Sua dedicação aos idosos e sua bondade para com os animais estavam estampadas na face, e com pequeninos gestos além, muito além da compreensão do cidadão comum, lhe trouxeram alguns dissabores, aborrecimentos estes superados pela força do perdão.
A grande massa acéfala da humanidade, por centena de vezes achincalhava a pequena mulher; não tinham a capacidade de discernir entre um gesto de carinho sem a intenção do retorno e o desprezo pelo precioso metal do mundo mundano. Eles não entendem que com o passar das horas, dos dias, dos anos, o belo, a fortuna, a prosperidade vil, já não se sustenta sobre a carne carquilhada que teima em resistir sem o apoio da ternura no vasto campo da mediocridade.
O chão pisado por Suzi, brilhava feito purpurina em noite de carnaval, deixando um rastro de luminosidade intensa, visível a todos os seres despojados de bens materiais.
O caminho da luz, como descrevera os cavaleiros visionários, é a missão terrena que a pequena notável recebera para trilhar neste deteriorado submundo e a propagação da verdade, o alvará diante da insensatez da maledicência, neste insensato mundo de corrupção e desafetos.
O poder efêmero não corrompeu a ideologia da menina moça e seus passos firmaram-se em diversos prismas luminosos apontam trilhas distintas aos credores da fé. É sabido por toda coletividade que as gotas orvalhadas nas pétalas das rosas é o choro contido da mãe natureza.
Soraya hoje não caminhou pelas alamedas imaginárias da fé.
Não compareceu em seu turno de trabalho.
Não fora vista nas imediações desde seu ultimo adeus.
O comentário é unanimemente tecido junto à população de baixa renda e porque não dizer também junto à estirpe dos maiorais: “A pureza e a benevolência de Soraya sempre fizeram parte de sua personalidade”.
Somente uma pessoa de sangue azul poderia tornar as noites frias de outono em um oásis de esperança, mesmo quando todas as pétalas de todas as flores teimam em abandonar seu caule, lá esta Suzi, uma bela mulher no corpo da rosa azul.
Realidade ou quimera?

segunda-feira, 8 de dezembro de 2008

O RETIRANTE

Severino de Castro deixou a Paraíba quando ainda era menino para residir na grande cidade.
Sua genitora deu-lhe um abraço, um beijo e uma rapadura para saciar a fome na longa jornada.
No trajeto entre a dura realidade e seu sonho, quando as estrelas abraçavam o tempo, na madrugada quente de outubro, Severino conheceu Doralice.
A menina mulher compartilhava da mesma quimera de seu par e passaram a compartilhar os dissabores e as alegrias que todo ser humano carrega consigo.
A paixão aflorava com a gana de um digno pura sangue, mas o destino de ambos estavam traçados desde a infância e certamente as estradas a serem trilhadas eram paralelas.
Ainda sobre a carroceria do caminhão, os retirantes traçavam planos que jamais poderiam cumprir.
Doralice era uma menina mulher sonhadora e vislumbrava uma vida que o pobre Severino jamais poderia lhe dar, mas entre o bem querer e a sustentabilidade há uma enorme distância e esta foi sendo trazido a baila ainda na viagem.
No infecto posto de combustível a beira da estrada esburacada ocorreu a primeira discussão do casal, Severino não suportou o olhar de Doralice para o bacana que acabara de estacionar sua Mercedes Benz junto ao bomba de gasolina e num ato desesperado, o apaixonado rapaz a segurou pelo braço, vomitando uma série de palavras de baixo calão, ali a menina mulher percebeu que seu curto relacionamento não iria florir, deu um safanão no amado e correu em direção ao “pau de arara” com a nítida intenção da proteção do coiote.
Não se tem notícias da viagem que se deu da ultima parada até a grande cidade, mas ao chegar na capital Severino estava só e Doralice e o coiote não desembarcaram.
Contam repentistas que Severino tomado pela fúria assassinou o casal e num ato de contrição tornou-se beato de uma noite para outra e ao desembarcar na metrópole prega o evangelho em praça pública.
Outros retratam que Doralice e o coiote nunca existiram e não passaram de personagens do fruto da imaginação de Severino que louco vaga pelas noites frias da barulhenta cidade.
Realidade ou quimera?

PRISIONEIROS DO PLANETA TERRA

Distante! Milhões de anos luz, muito além do filosófico imaginário, no magnetismo da galáxia de Kruskon, as mentes dos espectros sublimes do planeta Belatriz estão prestes a se reunir na grande orbita de Chripta, é chegada à hora do conclave.
A cada milênio os majestosos espectros se reúnem para redefinir o posicionamento político social da irmandade de Oreon, guardiões dos portais de Belatriz, mais que isso, uma sociedade secreta que vem traçando os destinos da humanidade ha séculos.
Necessário se faz saber que há milhões de anos atrás, uma civilização grandiosa reinava absoluta nas principais galáxias do universo; e apesar de toda a tecnologia de ponta e dos conhecimentos de seus sábios, não conseguiram evitar o êxodo das almas e suas aparições foram se espalhando por todo universo.
Precioso lidere em conclave deliberaram que os infratores do universo seriam confinados num distante planeta, onde cumpririam suas penas até avaliação do juízo final e para tanto, as almas desvairadas seriam recapturadas e colocadas em cápsulas cujo destino dependia tão somente da conclusão de sábios entendimentos.
Humanóides matrizes enviadas foram ao planeta azul, e serviriam ao supremo como geradoras de espectros; e ao final do ciclo, retornaria em alma, deixando para trás suas angustias, seus medos, suas lembranças...
Sabe-se que prevenções foram tomadas para garantir a ordem universal da irmandade dentre elas, os exterminadores penais, responsáveis pelas possíveis evasões das almas apenadas, cujo simbolismo lírico deste plano de vida nos faz crerem que estamos vivendo na era visionária e porque não dizer, viajando em objetos voadores não identificados, ou simplesmente, luzes que pairam no escuro céu de estrelas foscas.
Os bailarinos do universo alimentam nossas almas de fé e esperança, pois a caridade alcançada no limbo da sabedoria transporta aliviadas carcaças para o subsolo da terra, e a putrefação da carne ofusca o retorno do espectro a orbita de Cripta onde a liberdade os espera.
Estudos profanos da mãe natureza nos dão conta de que a terra há milhões de anos vem sendo utilizados como presídio de Kruskon e nos, os humanóides humanos, presidiários fantasmas que somos, ofuscamos nossas vistas e aplaudimos as imensas luzes que pairam sobre o Pais, as mesmas que nos vigiam a mando de nossos algozes de outrora.
Crê os fracos que a morte é o fim da existência humana!
Fico eu com a explicação da irmandade: “o corpo é a pena do espectro, e a morte, seu alvará soltura cuja verdadeira liberdade se dará com seu retorno a Belatriz”.
Realidade ou quimera?

O SEGREDO DE SUMATRA

O jovem Plínio Sumatra desde muito vagou livremente pelas vielas do município sem conhecer seus entes, mas desde a infância, nunca rezou pela cartilha de Tristão, o empresário afortunado sem escrúpulo, que sem pudor algum sugava o sangue dos laboriosos trabalhadores de sua indústria de metais, ao contrário, era seu inimigo político.
Certa manhã, na barbearia do Augusto, um ponto de encontro da alta sociedade interiorana, Humberto, o caixeiro viajante deixou escapar um secreto que há muito trazia consigo.
Em suas andanças encontrara Suzana, antiga namorada de Tristão que lhe revelara o mistério que até então havia guardado a sete chaves.
Nesse jogo de movimento estranho onde o pião detém o poder sobre o Rei, Humberto trazia ao tabuleiro outras peças que até então eram tidas como mero expectadores.
Atônitos ficaram todos os presentes; a bomba deveria chegar à boca de Sumatra para que este explorasse politicamente o sigilo e desfavor de seu desafeto.
A incumbência pela localização de Plínio coube ao menino Jonas que como um raio saiu a sua procura, encontrando-o próximo ao regato.
- Senhor, senhor, todos os esperam na barbearia, parece que algo importante vai ser revelado com a sua chegada.
A curiosidade do jovem foi maior que a rectidão de seu espírito e antes mesmo do menino pronunciar uma nova palavra, lá estava ele apostos para o encontro dos demais.
Discretamente Sumatra adentrou na barbearia a curtos passos, instante em que olhos ardentes lhe fitaram num misto de euforia e compaixão.
Percebendo que algo diferente estava acontecendo o jovem político foi logo indagando: “porque mandaram me chamar? Tem algo que preciso saber?”
Como proprietário do local Augusto fora escalado por seus pares a revelar o famigerado segredo, mas temia pela reação do infante.
Tornar público um fato que mudaria de uma vez por todas a trajetória de vida do rapaz, era por demais inevitáveis e pausadamente iniciou sua narrativa; ao término, o semblante juvenil fora se fechando, carregando de ódio sua face pela dor do abandono.
Seria ele o herdeiro da fortuna banhada com o suor dos assalariados?
Certo é que a oposição não contará mais com o jovem político.
Realidade ou quimera.

SOLITÁRIA SILHUETA

No umbigo do Pais, na serra das cobras, região árida do continente, em noites de lua minguante ao longe se avista a chama da lamparina que cintila num murmúrio infindo; lá se esconde numa casinha de taipa coberta de sape a beleza impar de Cerzelina.
Nada de novo há nos passos da pequena mulher morena aos olhos dos nativos; seus conhecimentos, suas desventuras são deveras conhecida na região, mas a vista dos forasteiros tão logo a curiosidade é sanada, estampa-se em seus semblantes a volúpia e sem explicação alguma, a maledicência aflora e paira no ar uma atmosfera aviltante.
Solitária mulher desprovida de sonhos pousa com seu casulo distante dos humanóides; uma falsa impressão de incesto na insensata discórdia, uma batalha campal entre o anarquismo e a ditadura interior.
Nas trilhas do algodoeiro, verdadeiras artérias rasgando a serra das cobras, podem ser vista a distância, as esculturas de Anacleto Mulato, retrato fiel das amarguras vividas em terras outras, ele sim, retratou fielmente os dissabores da silhueta mulher.
Diálogo dispare festejam a nudez na venda de Bororó, numa ilusória comemoração sob o crivo de centenas de comentários jocosos.
Próximo a gruta do ermitão despido de folhagem Cerzelina é posta a baila e a repulsa como tatuagem estão em cada silaba, em cada palavra, em cada frase na boca de Ernesto quando se fala do grande amor passado.
Houve um tempo onde as artérias da mata eram trilhadas a dois, a alegria reinava na comunidade e até as flores embelezavam o caminho do casal como se brindasse o raiar de um novo dia, mas tudo mudou quando os seres do universo visitaram a choupana na ausência do macho.
Contam mundanos historiadores que um ato sexual inter estrelar se dera em plena relva, junto aos olhos do amante e o fruto da proibida paixão, fora levado por seu genitor a galáxia de Kromus onde lá permanece.
Oradores outros, dizem a cada conto que contam, no final de ano, entre os meses de novembro e dezembro um ser atlético de aproximadamente dois metros de vinte de altura, retorna com o rebento aos braços de Cerzelina e o lume de seu sorriso; relâmpago em noites de tempestades será dissolvido pelo longo período de espera até o retorno da aeronave.
Realidade ou quimera?

NAS ENTRANHAS DA ALMA

Três horas da madrugada marca o relógio da matriz, solitária mulher na penumbra do quarto a espera do que?
Em cada mente dos habitantes de Zaruws vaga a pergunta.
Sabe-se tão somente que Rebeca era estudante de Astrologia quando conheceu Newton.
Jovem rapaz que tinha por hobbies as estrelas, ele, uma pessoa completamente desconhecido nas imediações, um forasteiro sem rumo e sem direção segundo dona Carlota, a linguaruda de plantão.
Newton acabou conquistando a bela musa dizem os mais antigos. Foi no ultimo inverno da cordilheira, há mais de trinta anos que o sussurro de mulher se transformou em solidão.
Recorda-se o ancião que após a labareda das entranhas de Rebeca, a maldição das chamas acompanhou Rodrigo. Tomado pelo desespero o pobre rapaz tentou a fuga uterina, escondeu-se nos braços de Noêmia; a genitora que nunca teve, implorando perdão aos deuses do Olympus por haver profanado sua deusa.
A purificação da alma estava distante, não seria ele perdoado mesmo que corresse uma maratona e meia, mas também a forca não seria a solução.
Quatro horas da madrugada marca o relógio da matriz, solitária mulher na penumbra do quarto a espera do que?
As estrelas, os astros, o medo, um turbilhão de luzes penetrando no cerne da mente, na formação medieval do karma, a contrição novamente à tona.
O conflito gerado no ventre da ruína paixão, mais que lâmina de aço fere, perfurando a carne carquilhada pela narrativa de anos.
Crer ou não nesse velho enredo, as incontroláveis tempestades nos versos de Pessoa acompanham àquele lugar ermo abrilhantando a história de sua insignificante derrota.
Quando mais precisamos da ternura, do acalanto, do entendimento, nossa mente esta deveras ocupada pela inanição do corpo e a masturbação mental tem por esperma pensamentos sórdidos.
Cinco horas da madrugada marca o relógio da matriz, solitária mulher na penumbra do quarto a espera do que?
Realidade ou quimera?

COMODORO NETUNO

No ano de mil novecentos e setenta e sete, uma expedição partiu do porto de Santos para mapear a costa brasileira, porem, uma tempestade inesperada levou a embarcação composta de cientistas para mar aberto.
O arqueólogo marinho João de Castro Pimenta aproveitando a calmaria pós-tormenta, resolveu analisar as águas que se apresentavam turvas, um fenômeno que até então passara despercebido.
A expedição que a priori seria na costa brasileira ganhava cunho internacional e seguindo a correnteza provocada pelas alterações das marés, um fenômeno impar fora percebido: naquele exato local, o magnetismo era tamanho e todos os equipamentos da embarcação começaram a descrever erroneamente os dados colhidos.
O engenheiro naval Juvenal de Brito avistou ao longe uma embarcação do século XVIII navegando a estibordo, causando um tremendo alvoroço na tripulação, pois segundo suas anotações em expedições outras, o galeão avistado teria sido levado a pique no final de mil setecentos e trinta e cinco, após ataque de piratas.
João de Castro questionou Juvenal, pois este poderia estar marejado devido à tormenta que enfrentara momentos antes e tendo alucinações decorrentes da estafa, porem, para sua surpresa, o galeão estava a sua frente, cerca de duas milhas náuticas.
O imaginável se apresentava concretamente a suas vistas, estavam eles no triangulo das bermudas e o galeão, era comandado por ele, o Comodoro Netuno, tendo como tripulação os seres de Atlântida, a cidade perdida e por mais que os potentes motores na novíssima embarcação estivessem a todo valor, não era páreo para o galeão que se distanciava mais e mais, até sumir no nevoeiro inesperado.
Convicto que haviam localizado a cidade submersa, escafandros foram lançados ao mar e após algumas dezenas de dias garimpando o inatingível, a tripulação frustrada retorna a ponto de partida com a convicção de que não estamos sós na imensidão do mar e que em breve barbatanas e guelras farão parte do nosso cotidiano nos grandes centros de consumo.
Realidade ou quimera?

MOSAICO DA LOUCURA

Historiadores do Brasil Colônia relataram em pergaminhos de ceda uma estória ou seria história, que atravessa o longo do tempo, e cada vez que é repassada de pai para filho, de amigos a compadres, os denominados “causos” estão mais intensos do que nunca; diz o dito popular, quem conta um conto aumenta um ponto.
Alguns freqüentadores assíduos, conhecedores dos sentimentos de Cristina tomam posições dispares; Roberto o leão de chácara apreensivo esta, Gustavo o garçom transita despercebido em meio aos clientes.
Não tinha nada de seu a não ser Jerônimo, um burro velho que o levava daqui pra li, de lá pra cá. Com o passar do tempo, a tecnologia chegava à casa da luz vermelha, pois se fazia necessário abrigar novos clientes; doutores, senhores de engenho, agora freqüentavam o prostíbulo da mãe Joana. Eles, oriundos de uma grande empresa, a formosa usina de álcool que acabara de se instalar há trinta quilômetros do local.
Nossa intenção não é relatar fatos bíblicos e nem tão pouco discutirmos a religiosidade do leitor. Vamos sim utilizarmos a palavra limbo na conotação popular, utilizando-a como mera palavra análoga de zona, uma bagunça generalizada, abissal, assombroso, entre outros adjetivos;
Queriam estar presente e todo e qualquer evento musical e teatral que pudesse satisfazer seus deleites, não buscava explicações lógicas dos fatos que não havia lógicas algumas. Longas estradas percorridas por caminhos tortuosos; diversos amores correspondidos, outros tantos esquecidos ou deixados a míngua no abandono da carne, paralelos, como a cobiça, emulação, inveja.
As eleições na pequena república são por de demais contestadas, mas nada se fez ou se fará para alterar os absurdos cometidos pelos políticos locais. Os comentários surgiram em ambas às cidades, mas os blefes oposicionistas não passaram de mágoas perdidas.
Pequenas naves saiam e retornava a ferradura e uma infinidade de transeuntes verdadeiramente aterrorizados.
Pequenos seres, cerca de um metro e dez centímetros de altura, usando trajes espaciais mantiveram contatos imediatos de terceiro grau com parte da população.
Realidade ou quimera?