quarta-feira, 12 de junho de 2013

EU, ESCRITOR.

Sempre fui um escritor medíocre e nunca consegui separar a dor do amor; que em meus pensamentos, caminha lado a lado tal qual a coerência de uma falsidade e sua dosagem de lirismo no ultimo embuste.
Feliz daquele que nunca teve um relacionamento conturbado, pois os declives e aclives que enfrentamos nesse emaranhado de angustia, nos levam tão somente a uma vingança que nem sempre satisfaz o falado.
Nossa geração formou-se através dos rótulos que nos impuseram vida afora, sem nos darmos contas de que tão vis somos, quanto àquelas que por uma razão ou outra nos ofenderam sem ao menos nos dirigir a palavra; onde os gestos emanados de seus corpos soaram como verdadeiros grilhões da intolerância chauvinista.
Navegando nas águas turvas do impulso, comentários desconexos trouxeram-me a solidão como companheira; e hoje! Nos trilhos empoeirados do esquecimento, sento-me as margens da razão enredando uma realidade distante vivida tão somente no âmago do sofrível letrista.
A cada descaminho uma lembrança, a cada lembrança um arrependimento, eis a verdadeira contrição deslizando no rompimento tal qual o esquiador envereda nos trilhos gélidos da montanha.
Estancado defronte a janela azul de um programa qualquer, procuro incessantemente minimizar o sofrimento em busca de corações outros como ela o fizera no passado, não como uma vingança qualquer, mas como a voracidade de um adolescente em busca de seu primeiro amor.
No retiro do meu quarto infecto só há espaços para o odor da fumaça e os adornos metálicos das latas de alumínios vazias, improvisados cinzeiros sob o manto azul da solidão onde o carquilhado corpo repousa a espera da redenção.
Eu há vi em minha viagem de volta, estava tão faceira quanto nos tempo da juventude e tão amarga quanto o fel destilado na ira da intolerância. Nessa ofensiva passagem os sentimentos se mesclaram e o ódio encampou os sonhos daquele coração felino.
Impossibilitado de soltar tais amarras, fico as margens dessa liberdade pagã, enfrentando o cotidiano até o descanso da labuta pretendendo despojar-me dos bens materiais e viver, somente viver a quimera aprisionada em meu peito desde os áureos tempos da minha juventude em busca da liberdade que eu nunca tive.

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